Minha rotina é a mesma todos os dias. Acordo atrasada, e sempre sento na mesma cadeira do ônibus. Hoje fiz diferente e sentei do lado direito. A rota é a mesma, mas percebi que não conhecia a paisagem na janela pois sempre estou olhando o mesmo lado.
Uma colega do curso começou a conversar comigo na semana passada. Nunca tínhamos conversado antes. Foi engraçado perceber que temos tanto em comum e só termos parado para conversar agora, quando já estou quase saindo da universidade. Ela me enviou uns textos que a lembraram da revista 21. Achei incrível que ela não somente tenha lido nossos devaneios como também tenha mandado materiais que acrescentam às discussões que eu nem sabia que tínhamos começado.
Um dos textos me pegou de jeito. É uma review de textos de uma escritora que eu nunca tinha ouvido falar. Mas foi uma frase que fez eu bloquear a tela do celular e encarar o teto por uns bons dez minutos.
“alternating periods of hope and despair,” of hunger for life and flirtation with death
Não sei bem como a jornalista conseguiu colocar essa frase no meio da review. Não lembro mais o que falava o texto. Mas salvei esse trecho porque descreve tão bem como estou me sentindo agora. É estranho.
Estava tomando meu modesto café da manhã e abri o twitter, minha rotina de todos os dias desde que eu tinha 16 anos de idade. a primeira coisa que vejo são várias pessoas comentando sobre um possível "fim" da rede social, colocando as hashtags #RIPTwitter e #TwitterOFF em alta. Fiquei meio confusa mas nem procurei saber muito pois eu ia me atrasar para o trabalho. Segue a vida.
Peguei o ônibus para ir trabalhar e no meio do caminho me pego pensando no assunto de novo. Esses dias tenho refletido bastante sobre minha relação com as redes sociais, sobre como esse bombardeio de conteúdos afeta a mim e às pessoas ao meu redor.
O que mais me irrita nas redes sociais é esse planejamento exagerado das coisas. Everything seems staged. E é por isso que redes como o Tumblr e o Pinterest ainda são meus locais favoritos, onde posso encontrar as terríveis cursed imagens, memes de literatura russa que não entendo nada sobre, blinkies e banners de sites antigos, e arte, principalmente arte. Não aquela arte limpinha e organizada, feita exclusivamente para marcar os amigos e postar no stories. Mas aquela arte que vem do extravaso do sentir. Diários, zines, lambes, arte feia que não precisa fazer sentido. E não me entenda mal, sei que existe esse tipo de arte em todas as redes, mas o que me atrai mais é a descoberta. É olhar sites psicodélicos esquisitos e descobrir artistas do outro lado do mundo que fazem um trabalho legal apesar de não possuir engajamento no Instagram.
The thing I remember most clearly from my childhood is wanting to see the world through other people's eyes. The first time I felt that it was morning. The pain was so strong I planted my little feet on the floor and listened as my little friends talked next to me without really listening. My mind was just: God, wish I could be another person just for a second. It's not about mind reading or telekinesis. Just wish I could know if you can pick up the exact moment when a thought started when you were making coffee or tying your shoelaces. And how do you do that? How do you choose the things you're getting first at the grocery store? Why is this your favorite candy? Do you love so much you feel like you're going to disappear? Do the colors have the same meaning to you as they have to me? Do your favorite music makes you cry in the shower or is just me? Do you also feel so small for not being able to saying all the words you wanted to and for never communicating your feelings the way you need to? Wish I could feel what you feel when you take that first spoon of ice cream or when you take that bath after a long day. If I had the ability of collecting these little pieces of you I feel like I could know more about the world than reading all the books in the public library. This feeling is so intense and beautiful but is so painful that I'm crying and writing this with my blanket tyed firmly around me the way I wanted to do with your arms and your legs and your thoughts How do I get this How do I get to see you and feel you and talk to you and know you better than everyone out there
Didn't leave my bed the entire day, except for the morning when I got up to get some coffee. I've slept, saw friends through a screen, strangers too. I've put new things on my wishlist, new movies to watch, new books to read. Later, I smelled so bad that I had to get up and take a shower, so I took the opportunity to take out the trash. There was a man in front of my house so I said good night and that was the first interaction with another human being today. My cat is meowing loudly and I feel so bad for him. It doesn't deserve the depressed mess of a mother that I am.